Raspas e Restos Também Me Interessam: Desafios e Soluções para a Adoção do Modelo Circular

Eu tenho um exemplo vivo – e vívido na minha memória – relacionado à Economia Circular: na minha infância, eu costumava acompanhar meus pais nas idas ao supermercado do meu bairro. Mas, não era “qualquer” supermercado para aquela época: era “O” supermercado.

Eu tenho um exemplo vivo – e vívido na minha memória – relacionado à Economia Circular: na minha infância, eu costumava acompanhar meus pais nas idas ao supermercado do meu bairro. Mas, não era “qualquer” supermercado para aquela época: era “O” supermercado.

No piso inferior, era onde se situava o setor tradicional dos supermercados, com produtos das categorias de Alimentos & Bebidas e Higiene & Beleza de “primeira linha”, enquanto no piso superior, ficava a venda de discos, eletrodomésticos e tinha até uma cafeteria.

Logicamente, eu queria acompanhar meu pai na ida ao setor de discos, mas tinha uma missão igualmente importante a cumprir acompanhada da minha mãe: ir até o guichê de retorno de vasilhames levar as garrafas vazias de refrigerante para trocar por um “vale” para pegar uma  garrafa nova, e, portada com as tampinhas que juntei, trocar pelo meu brinde: uma coleção em miniatura daquele refrigerante.

Recordo quando deixei cair uma garrafa vazia no chão, e que se quebrou: meu coração disparou, fiquei desesperada, porque pensei “como vou fazer o refrigerante chegar em casa agora?”. Na minha visão – restrita aquele universo -, sem o retorno da garrafa ao posto de troca, eu não tinha a permissão de entrar na loja e sair com o refrigerante nas mãos. Hoje, olhando para trás, penso: como será que nos perdemos disso, desse sentimento de responsabilidade pelo que consumimos?

Já durante a minha adolescência, experienciei outros acontecimentos: o saquinho de leite passou para garrafa plástica, e então para a caixa longa vida que conhecemos hoje; a garrafa de vidro do refrigerante passou para o PET; houve a introdução da coleta seletiva de lixo e de frotas de ônibus urbanos movidos a gás natural. Quando eu iniciei a minha jornada como estudante universitária, o termo “sustentabilidade” já era conhecido, mas ainda conectado a “(re)plantar árvores”.

Somente quando eu ingressei no setor privado, em 2001, foi então que eu vi “sustentabilidade” ser parte da estratégia das empresas.

Tive o privilégio de ter servido companhias que realmente tratavam com seriedade esse tema: na Unilever, buscávamos alternativas a ingredientes petroquímicos, como fazer um uso mais racional dos insumos, e redução da pegada de carbono; na Ecolab, trabalhávamos somente com produtos concentrados (ou seja, não estocávamos “água” em produtos), utilizando sistema de refil, e promovendo a logística reversa das embalagens; na Reckitt Benckiser, não podíamos lançar produtos que acrescentassem pegada de carbono ao portfólio já existente, e éramos incentivados a buscar soluções para mitigar essa pegada deixada anteriormente; na PepsiCo, vi tudo isso ser aplicado, especialmente a busca incessante pela redução no uso de recursos naturais e energéticos na sua operação; e na Nestlé, acompanhei isso ser estendido ao seus parceiros produtores.

Entretanto, o conceito de Economia Circular foi algo ao qual fui exposta somente a partir do meu ingresso na PepsiCo, através de um de seus parceiros: a TerraCycle. Seu fundador, Tom Szaky, trouxe através da empresa uma missão – que deve ser a missão de todos nós: eliminar a ideia de lixo [1].

Este artigo faz parte da Edição 81 ( Setembro/Outubro 2020​​) da ProjetoPack em Revista.​​​​​​​ Para ter acesso ao conteúdo na íntegra, assine a ProjetoPack em Revista através do app disponível na Apple Store e Play Store ou através do email [email protected]

Referências Bibliográficas

[1] https://www.terracycle.com/pt-BR/about-terracycle/history, visitado em Set-2020.

[2] Kotz, J. & Treichel, P.: “Chemistry & Chemical Reactivity”; 4th ed.; Saunders College Publishing; Orlando (1999).

[3] https://consorciolambari.sc.gov.br/andre-trigueiro-trabalha-a-questao-do-lixo-como-desafio-mundial/, visitado em Set-2020.

[4] Szaky, T.: “The Future of Packaging: From Linear to Circular”; Berrett-Koehler Publishers; Oakland (2019).

[5] https://tipa-corp.com/application/stand-up-pouch/, visitado em Set-2020.

[6] Baer, A.: “Mercado de embalagens mono material pode chegar a USD 71 bi até 2025”; Newsletter Infopack 2020, publicado em 17-Set-2020 na rede social LinkedIN.

[7] https://petrel.fr/en/, visitado em Set-2020.

[8] http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2002_TR104_0195.pdf, visitado em Set-2020.

[9] https://www.lilianpacce.com.br/e-mais/reciclese/stella-mccartney-investe-em-reciclagem-de-plastico-oceano/, visitado em Set-2020.

[10] https://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/Moda/noticia/2018/11/marca-cria-roupas-e-sapatos-com-plastico-retirado-dos-oceanos.html, visitado em Set-2020.

[11] https://blogdescalada.com/economia-circular-e-plasticos/, visitado em Set-2020.

[12] https://www.abras.com.br/clipping.php?area=30&clipping=15101, visitado em Set-2020.

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​​FONTE:

Leila Malta – [email protected]

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