Seguindo em frente: nossa visão para 2022 ao setor gráfico e convertedor

Se a sua empresa deseja ter alguém com quem debater estas questões, trocar ideias e desenhar estratégias conte com a nossa equipe.

Recentemente, há cerca de alguns meses, o Instituto Ipsos, terceira maior empresa de pesquisa e inteligência de mercado do mundo, publicou a pesquisa “One year of Covid-19” (Um ano de Covid-19), para o Fórum Econômico Mundial.

Dentre alguns dos insights trazidos pela pesquisa, especificamente aos entrevistados brasileiros, 53% dos indivíduos acreditam que a sua saúde mental deteriorou desde o início da pandemia – colocando o país na quinta posição entre os trinta países apurados.

Enxaqueca, herpes-zóster, aumento do uso de tabaco, álcool e outras substâncias entorpecentes, insônia, dificuldade de concentração, falta de apetite, queda na libido, melancolia, depressão e tantos outros males manifestaram-se ou intensificaram desde o fatídico mês de março de 2020. A incerteza e a proximidade da morte são, provavelmente, dois fatores críticos nesta equação.

Milhares de pessoas perderam empregos, outras fecharam provisória ou definitivamente empresas. Um número incontável de vidas interrompidas deixou aos enlutados as agruras de seguir adiante. Somente no Brasil, mais de 130 mil órfãos de até dezessete anos de idade terão a sua vida comprometida pela ausência dos pais (muitas, inclusive, viverão em lares à espera de adoção).

A mídia e a política, cada qual a seu modo, surfam no medo e ansiedade para vender distrações ou a necessidade de mais estado.

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Estado esse que, apesar de seu gigantismo, provou-se absolutamente incompetente em oferecer respostas eficientes e tempestivas de políticas de saúde pública em todo o planeta (ao menos a incompetência, em certa medida, foi democrática).

As organizações supranacionais (para alguns, a epítome do globalismo) também se mostraram falhas, com protocolos questionáveis e inconstantes que suscitaram – e ainda suscitam, com toda a razão – suspeição e viés político.

A instabilidade que trouxe o abrir e fechar da economia levou os agentes econômicos – estado, empresas e consumidores – a errar bem mais do que o normal. Prever demanda, mesmo com a benção de algoritmos, tornou-se uma tarefa simplesmente impossível.

Vimos empresas aumentando estoques além do necessário e amargando um warehouse lotado no instante em que a economia puxou o freio de mão. Também vimos empresas que quiseram trabalhar “da mão para a boca” especulando com seus fornecedores até que o estoque acabou. Fábricas pararam por falta de matéria-prima. De caixas de papelão, passando por tubetes, pallets, resinas termoplásticas e contêineres (mesmo pagando 14 mil dólares num contêiner que outrora não custava um terço do valor).

Pudemos ver (ou fazer parte) esse efeito do medo nos supermercados, já nas primeiras semanas da pandemia, com o aumento de 211% na compra de papel higiênico e a disputa física de alguns consumidores por um frasco de álcool gel (algo noticiado ostensivamente nos telejornais).

O receio da disseminação do patógeno acelerou a virtualização do trabalho muito rapidamente. Empresas e funcionários não tiveram tempo suficiente, portanto, para discutir os limites, direitos e responsabilidades dessa nova relação. O efeito colateral foi o aumento exponencial de ações trabalhistas como jamais visto antes.

Como se nada disso bastasse, passaremos brevemente por novas eleições presidenciais, no momento histórico de maior polarização política desde as Diretas Já. Divergências simples e anteriormente conciliadas no churrasco entre amigos ou nas festas de fim de ano em família não são mais superadas.

As redes sociais exercem papel fundamental nessa divisão social e política cada vez mais acirrada. E, num círculo vicioso também sem precedentes, quanto mais nos desentendemos e brigamos, mais tempo passamos nas redes sociais praticando o antissocialismo.

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Confessamos que é até difícil montar com boa abrangência este quebra-cabeças bizarro que se tornou a nossa realidade, e é impressionante que nós brasileiros estejamos vivos e seguimos acordando cedo e indo à luta. Também é bastante compreensível que nossa saúde mental tenha deteriorado tanto nesses tempos sombrios.

Geralmente, fim de ano é uma época introspectiva, de revisão de metas pessoais e profissionais. Pessoas e empresas fazem isso.

E, justamente por isso, gostaríamos de deixar algumas singelas dicas para ajudar nossos clientes e amigos nessa tarefa hercúlea de vislumbrar 2022 e “planejar algo”.

1) Comunicação

Mais do que nunca, sabemos que 2022 será um ano de mudanças em todas as facetas da vida pessoal e profissional. E a ansiedade é agravada pela falta de comunicação. Se nada é dito, presume-se. Cabe aos dirigentes e gestores das empresas ter uma comunicação assertiva, próxima, em tempo real e que considere que as pessoas estão mais fragilizadas (entenda-se, mais propensas a distorcer ou recortar a informação recebida, mudando o sentido da mensagem).

Reiteramos que a comunicação, no que tange à fábrica, não é apenas verbal e escrita, mas visual. Na fábrica, o ruído e o ritmo não permitem grandes discussões epistemológicas sobre o sentido da existência e o papel de cada um no atingimento das metas – mas o que se espera em termos de resultados e o estado atual das coisas precisa estar no cerne da chamada “gestão à vista”.

2) O R.H. como protagonista

Quando os colaboradores estão bem, é possível tratá-los mais pragmaticamente. Quando não estão, é preciso humanizar mais o contato. Tratar de forma pragmática não significa que não há humanidade, mas praticidade. Esta “humanidade extra” a que nos referimos para o novo momento quer dizer que é preciso uma dose adicional de empatia para entender que muitos colaboradores têm entes doentes em casa, tem comorbidades adquiridas com a covid, tiveram suas parcas economias minadas na pandemia com medicamentos, terapias ou mesmo erodidas com a inflação crescente.

O R.H. precisará estar mais próximo do local onde as coisas acontecem. Descer na fábrica, sentir o clima ao invés de apurar informações da pesquisa de clima. Deve ainda acompanhar, com o setor de SSO (Segurança e Saúde Ocupacional) se os novos protocolos advindos da pandemia continuam sendo seguidos, uma vez que o vírus e suas variantes serão agora, parte intrínseca da rotina nos anos vindouros.

O absenteísmo e o turnover precisarão ser olhados mais meticulosamente. E os processos de seleção, recrutamento e promoção deverão ser conduzidos de uma forma mais estratégica (afinal, o espectro de competências mudou com a pandemia; resiliência, adaptabilidade e autoliderança são, atualmente tão ou mais importantes do que as habilidades técnicas).

3) Formação de pessoas

O imperativo de investir no desenvolvimento e formação contínua da mão-de-obra é mister. Com a pandemia, muita gente tem tentado reinventar-se, e a qualificação online tem sido uma boa ferramenta nessa questão.

Mas, quando falamos de fábrica e de setores tão dinâmicos como o nosso, a maioria da formação ainda é do tipo “Learning by doing” (Aprender fazendo ou, no jargão popular, trocar o pneu com o carro andando).

É preciso investir com seriedade na formação técnica do seu time. A falta de informação gera dúvida, e a dúvida ramifica-se em três cenários possíveis:

– No primeiro, o colaborador executará a tarefa mais lentamente, impactando sensivelmente na produtividade do seu setor e entorno.

– No segundo, o colaborador não executará a tarefa. Por exemplo, ficará com a máquina parada aguardando que um supervisor apareça para lhe dar instruções; um tempo perdido e irrecuperável, além do custo da oportunidade;

– No último e mais corriqueiro, o colaborador executará a tarefa erroneamente, gerando perdas econômicas como aparas e devoluções futuras.

Como mencionamos no início do texto, o momento atual é de maior grau de incerteza. Na incerteza, há paralisia. As pessoas e as organizações ficam mais letárgicas na tomada da decisão, uma vez que heurísticas do passado não tem mais validade no cenário completamente novo. Isso significa que os três cenários serão negativamente impactados – colaboradores estarão mais predispostos a postergar ou alongar decisões enquanto avaliam cenários e probabilidades; mais inclinados, por outro lado, a decisões errôneas usando o passado como referência ou a congelar, esperando orientação.

Tudo isso pode e deve ser mitigado com treinamento e liderança.

4) Liderança

O líder é o bastião da segurança e do propósito. É o timoneiro que precisa dar a direção ao barco em águas turbulentas.

Nosso setor carece de líderes. Infelizmente, a indústria gráfica e de embalagens não preparou uma nova safra de líderes para substituir a geração precedente, que costumava tratar “mais acaloradamente” os seus comandados, em tempos diferentes.

Este hiato de líderes faz com que, diariamente, empresas promovam bons colaboradores técnicos ao posto de chefia, acreditando que suas competências técnicas naturalmente despertem o respeito e confirmem a hierarquia natural pelo conhecimento aos liderados. Mas isto raramente acontece. Perde-se um ótimo colaborador técnico e ganha-se um líder medíocre.

Felizmente, apesar de levar tempo, não estamos além do “ponto sem retorno”. A indústria pode encampar uma iniciativa para criar a liderança de amanhã. É um bom momento, já que muitas destas empresas estão vivenciando processos sucessórios e uma também nova geração de donos, jovens e com cabeça aberta à transformação.

Novos líderes precisarão inspirar confiança, segurança, pacificar o ambiente e conviver com um mundo cada vez mais paradoxal, onde é preciso conciliar dicotomias como estar “mais presente” ao gerir colaboradores trabalhando remotamente, ser estratégico e, ao mesmo tempo, executor (ser o exemplo) e gerir com sabedoria o dilema social e antropológico da inclusão, diversidade e equidade.

A trilha pode ser menos penosa com o suporte de mentores e coachs sérios e experientes.

5) Inteligência de dados

Com todas as contradições que o dataísmo nos traz, é inegável que o mundo é lido, interpretado e remodelado a cada fração de segundo pela ciência dos dados.

A análise incorporada ou inteligência de dados incorporada (embedded analytics) é o “novo normal”, na nova realidade em que as empresas – querendo ou não – não podem mais tatear no escuro. Os dados precisam ser precisos, em tempo real, organizados, distribuídos, descentralizados e disponíveis para a tomada de decisão ágil em meio ao cenário volátil e turbulento.

E esta tendência ilumina outro grande gap da indústria gráfica: nós somos excessivamente analógicos. Em se tratando de gestão da informação, mesmo quando somos digitais, ainda somos analógicos. Colhendo dados da produção apontados manualmente em folhas pautadas, compilando dados em planilhas de Excel ou inseridos em terminais na fábrica, nós não temos o hábito do escrutínio, em busca da sua veracidade e precisão. Para a maioria das indústrias gráficas e de embalagens, dados são um conjunto de números.

É impossível rumar a um novo patamar de inteligência de dados, se não há inteligência prévia em questionar e depurar estes dados. O período pós pandemia exigirá uma atenção extra para o processo de geração e interpretação de dados, para que as decisões, cada vez mais difíceis e rápidas, possam ser tomadas de acordo.

6) Cultura

Querendo a sua empresa ou não, uma nova cultura deve emergir da pandemia. Alguns elementos serão positivos, e outros, nem tanto. Mas entendemos que um dos aspectos mais importantes desta cultura é a busca por equilíbrio e propósito.

Muitas pessoas enfrentaram ou estão enfrentando adversidades ou amargaram perdas tão impactantes que tiveram de repensar temas profundos como o convívio familiar, o relacionamento com o cônjuge, o papel como pai e mãe na educação dos filhos, as perspectivas da carreira, a fé e religião, a saúde física e mental e o seu propósito de vida.

Tudo isso deve influir, dentre outras coisas, na forma como deverão fazer uso de seu tempo e na representatividade do trabalho em relação a outras áreas das suas vidas.

Empresas que não tenham a sensibilidade de entender que as pessoas impactadas terão um novo olhar e, por conseguinte, na sua forma de ver o trabalho como elementos individuais e vetores da cultura organizacional terão dificuldade em reter talentos e motivá-los. Gaste energia aqui, se quiser prosperar.

Se a sua empresa deseja ter alguém com quem debater estas questões, trocar ideias e desenhar estratégias – principalmente no âmbito fabril, no setor de impressão e em quaisquer sistemas e tecnologias analógicas ou digitais – conte com a nossa equipe. Estas conversas são agregadoras, oportunidades únicas de abrir a cabeça, oxigenar ideias e delinear novos e prósperos caminhos.

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2 Responses

  1. Caríssimo Jilvando,
    Não temos dúvida alguma de que grande parte da culpa, se podemos chamar assim, é individual de cada profissional. E a questão de que com uma parcela ínfima da informação da internet, as pessoas já saem fazendo juízo de valor das coisas e emitindo opiniões sobre tudo. Muito bacana saber que há profissionais despertos como você no mercado, com a consciência e compromisso de assumir a responsabilidade. Parece que temos um líder aí. Sucesso e muito obrigado pelo comentário, seja sempre bem vindo com a sua visão de mundo e considerações.

  2. Excelente artigo, deixo em primeiro lugar meus parabéns !
    No entanto me pego pensando no tópico onde se aborda a liderança, concordo que muitas empresas não prepararam líderes fortes para a nova geração e com isso realmente acabam perdendo um ótimo colaborador técnico e ganha-se um líder medíocre. Porém eu acredito que certa parte dessa culpa seja do próprio promovido a liderança pois estamos vivendo tempos onde as pessoas simplesmente já não pensam por si só na grande maioria das vezes as pessoas são influenciadas pela internet onde não buscam saber as verdades dos fatos ou se interessam por algo que realmente vale a pena.
    Vejo um mundo cada vez mais chato, vejo pessoas buscando liderança apenas por status e dinheiro e com isso a próxima geração será ainda pior e mais fraca.

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